Violeta

 O silêncio ao longo do planeta era assustador. Tudo quieto, sem vida. O solo era um amontoado de lixo, corpos, lava, tudo reduzido a nada. Num instante tudo terminara... O que parecia garantido, interminável transformara-se em nada. Afinal a supremacia endeusada do ser humano era uma enorme mentira. Não valia nada, não prevera nada e tudo se desintegrou sem qualquer oposição ou solução. Acabou... Quantas vezes já teria acabado desta forma implacável? Quantas civilizações teriam passado por aqui, vaidosas da sua glória, sem temor a Deus e que num ápice se reduziram a escombros?

Era previsível! Depois de tantos anos a levar "pancada",  a ser maltratada, não aguentou.  Os limites, todos os limites estavam a ser ultrapassados.  Era a hora de alguém pagar a factura... de todos pagarem a factura. Naquele dia o sol acordou estranho, vermelho, assustador.  As pessoas olhavam em redor mas tudo parecia estranhamente calmo.  Ela, rugia por dentro... perigosamente, silenciosamente e ninguém percebia... De repente, com os poderes que nem ela sabia que tinha, cruzou os ventos, levantou em vagas as ondas do mar, tão altas, tão cheias de fúria. Pelas montanhas correram perigosamente as neves glaciares, cruzando a lava dos vulcões, arrancando o chão. A geografia mudava a cada quilometro...  Ela era agora irreconhecível... Depois de algumas horas soltando a raiva em uivos furiosos acalmou...