Desapego
Estranho desapego experimento.
Estranha é a
calma que me invade.
Serena
sensatez sem fundamento,
da paz que
vem agora, quando é tarde.
Eu tive o
teu amor, mas certamente
os sonhos
que eu sonhei não eram meus.
Vivia no teu
mundo aparente
onde te
adulava como a um deus
Mil dias vi
nascer à tua espera.
Mil noites
vi chegar sem que viesses.
Ciladas da
ilusão, duma quimera
que cedo me
agarrou sem que o quisesse.
Eu fiz versos
pra ti sem tu saberes.
Palavras te
escrevi que tu não leste.
Segredos que
guardei, como deveres
desse amor
pecado que me deste.
Agora que o
fim está iminente
já nada mais
fará que volte atrás
e os sonhos
que sonhei intensamente
pra mim já
pouco importam, tu verás!
Estranhas a
indiferença que aparento
depois dos
muitos anos que te amei?
estranhas,
mas não sabes o que lamento
de ver
aquilo em que me transformei.
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