Que somos nós afinal?

Capítulo 15

Intuindo mais além… 

 

O ser humano chega ao mundo incompleto e imperfeito, para uma etapa reencarnatória.

Até cerca dos sete anos, a criança ainda se encontra muito ligada ao mundo espiritual, sendo frequente episódios em que é referida a presença do amigo imaginário, ou a ligação afetiva a lugares e pessoas que, supostamente, terão feito parte da vida da criança anteriormente.

Nem a criança, menos ainda as famílias atuais conseguem explicação racional para estas memórias.

Estudiosos defendem a teoria, não comprovada cientificamente, mas abordada em alguns estudos sérios, de que nos primeiros anos a criança tem ainda muito presente, memórias do mundo espiritual, de uma permanência denominada “entre vidas”, bem como de espíritos que a acompanham e transitam com ela, para ajudar na sua adaptação à nova vida terrena. 

Segundo a teoria reencarnacionista o homem virá ao planeta vestindo um corpo físico tantas vezes quanto as necessárias para o seu aprimoramento. 

Ao abandonar o corpo físico habitará um outro plano onde se refaz e prepara uma outra etapa de evolução no mundo físico.

Por essa razão, pode dizer-se que a criança está com um pé no mundo material e outro no mundo espiritual. 

Brian Weiss, psiquiatra e escritor norte-americano, descreve o conceito, no seu livro A Divina Sabedoria dos Mestres: 

“Atravessamos muitas fases quando aqui estamos. Deixamos um corpo de bebé e passamos para um corpo de criança; de criança passamos para adultos e de adultos vamos para a terceira idade. Por que razão não iremos um passo mais além e não deixamos o corpo adulto para entrarmos num plano espiritual? Isso é o que nós fazemos. Não paramos de crescer; continuamos a crescer. E quando entramos no plano espiritual, também aí continuamos a crescer. Atravessamos diversas fases de desenvolvimento. Quando aí chegamos, estamos completamente estoirados. Precisamos de passar por uma fase de renovação, um período de aprendizagem e por uma fase de decisão. Decidimos quando queremos regressar, onde e por que motivos. Há quem escolha não voltar. Essas pessoas escolhem passar para uma outra fase de desenvolvimento e permanecem na forma espiritual… uns, mais tempo que os outros, até voltarem de novo. Todo esse processo é crescimento e aprendizagem… crescimento contínuo. O nosso corpo funciona meramente como um veículo para nós, enquanto cá estamos. A nossa alma, o nosso espirito é que duram para sempre”. 

Este autor tem uma obra extensa sobre esta temática, sustentada pela sua experiência psiquiatrica de muitos anos, onde se deparou com comportamentos  emocionais desajustados de alguns doentes que acompanhou e para os quais a medicina tradicional ainda não tinha respostas

Muitos casos de supostas reencarnações foram também estudados por Ian Stevenson, professor de psiquiatria, do Canadá, que dedicou grande parte da sua vida a entrevistar crianças e suas famílias, onde estas alegavam vivências de vidas anteriores noutro tempo, lugar e com outras famílias.

Os pormenores eram de tal maneira precisos, que muitas situações foram investigadas e comprovados muitos detalhes descritos pelas crianças.

Há registos de mais de 3000 casos, grande parte na Índia, tendo Stevenson deixado um trabalho muito sério sobre este assunto à comunidade cientifica e académica, o qual se desenvolveu em várias geografias: África, Alasca, Colúmbia Britânica, Birmânia, Índia, América do Sul, Líbano, Turquia entre outras.

Em muitas das situações analisadas parece perceber-se, nessas lembranças, um ponto comum nas descrições das crianças: uma morte anterior traumática.

Quando analisados esses relatos, parece entendível que o espirito precisa voltar para o resgate de uma vida que foi abruptamente terminada.

Dessa forma, volta para curar a ferida da morte prematura revendo o lugar e quem fez parte dessa vida.

Vem para poder perdoar, perdoar-se e ficar sarado e de bem com esse passado.

No fundo, é o que a psicanalise tenta fazer com os traumas pessoais – trazê-los à “tona” para serem curados.

Independentemente de acreditar no conceito, quantos de nós vivenciamos já situações que nos colocam perante realidades que não sabemos explicar, mas que nos levam a crer que algo muito superior à nossa pequenez existe para além da cortina do nosso entendimento.

A mediunidade, premonição, sonambulismo, perceção extrassensorial, experiências de quase morte, episódios de epilepsia, esquizofrenia e tantas outras nuances da mente, são apelidadas, quando não há um diagnóstico preciso, com demasiada leveza pelos académicos, entrevista doença mental ou fraude.

A ciência é busca permanente e não tem que ter todas as respostas para as questões do ser humano. Peca muitas vezes pela falta de humildade quando rotula o que desconhece, de forma precipitada, condenando quantas vezes, ao isolamento e ao abandono em si mesmas pessoas que vivem dramas mentais, para os quais ainda não existem definições aceitáveis.

De forma, muitas vezes impiedosa e redutora, cataloga alguns episódios do foro mental, como sendo da competência da psiquiatria, psicologia, psicanalise e por aí vai… considerando o assunto entregue e resolvido, deixa sem perspetivas de futuro muitos seres humanos expostos a tratamentos químicos que os mantém alienados até ao resto dos seus dias. 

Espiritualmente somos ainda crianças gatinhando, mas o modo como hoje já entendemos a energia, de como somos influenciados e influenciamos através dela, são indícios de que existe muita coisa para a qual não temos e estamos longe de ter explicações concretas e convincentes. 

Pena, que ainda se deem passos tão pequenos na explicação do ser humano, quando comparados com os grandes avanços na exploração fora do planeta…


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