Que somos nós afinal?
Capítulo 19
No ciclo sem fim de vidas que vêm e voltam, o ser
humano ainda não entendeu o que é realmente importante preservar.
Por isso continuam hoje os mesmos erros de ontem.
O endeusamento do corpo, a imagem que vê refletida
no espelho da ilusão é mais forte que qualquer lampejo de lucidez da
consciência.
E insiste e persiste na luxúria, numa vaidade
imensurável, enganando-se no mais íntimo de si.
E percebe o erro vezes sem conta… e continua na vã
crença de que não há mais nada depois disto, ao mesmo tempo que intui a
permanência, a beleza, a perfeição...
Mil anos, dois mil e o que mudou?
A mesma fraca vontade de fazer melhor, de ser
melhor.
Tão fraco mestre constrói em si!
A vida não dura mais que um instante e como ser imortal,
terminada esta etapa, ascende a um mundo invisível e imaterial, enquanto o
corpo se decompõe e volta à matéria.
A alma que prevalece, chora pelo tempo perdido,
rogando por mais uma oportunidade, que lhe será dada por um Deus magnânimo e no
tempo certo.
Um Pai que não pede muito, apenas o esforço de
fazermos melhor, um pouco a cada dia.
Na escala evolutiva dos seres do universo, somos
almas maculadas de muitas impurezas, que nos tornam prisioneiros em lugares
sombrios na terra e impedem a nossa elevação ao Pai.
Sábios da antiguidade como Sócrates e Platão,
intuíam os diferentes graus de desmaterialização da alma, associados à sua menor
ou maior pureza.
Conforme o ser humano se liberta das amarras
materiais mais leve e fácil é a sua ascensão ao mundo da verdadeira vida.
O materialista, que proclama para depois da morte
o nada, vê-se livre de toda responsabilidade moral, sendo isso o seu maior
incentivo para o mal.
Na sua crença, tudo lhe é permitido neste plano,
porque tudo termina no nada.
Pelo contrário, o homem que viveu para o depois,
se despojou dos vícios e se enriqueceu de virtudes, pode esperar com
tranquilidade o despertar na outra vida.
E porque se alimentou do bem e do certo, nada teme
quando a sua hora chegar.
Da mesma forma que o corpo guarda as marcas boas
ou más do que vivenciou, assim a alma, após libertação do corpo tem
perfeitamente nítidos os traços do seu caráter, das suas afeições e das marcas
que lhe deixaram todos os atos de sua vida.
Se já é constrangedor um corpo nu perante o olhar
alheio, imaginemos como será a nossa alma nua perante Deus!
No seu último discurso disse Sócrates aos seus
juízes pouco antes da sua morte: “De duas uma: ou a morte é uma destruição
absoluta, ou é passagem da alma para outro lugar. Se tudo tem de extinguir-se,
a morte será como uma dessas raras noites que passamos sem sonho e sem nenhuma
consciência de nós mesmos. Todavia, se a morte é apenas uma mudança de morada,
a passagem para o lugar onde os mortos se têm de reunir, que felicidade a de
encontrarmos lá aqueles a quem conhecemos!
O meu maior prazer seria examinar de perto os habitantes dessa outra morada e de distinguir lá, como aqui, os que são dignos dos que se julgam tais e não o são. No entanto, é tempo de nos separarmos, eu para morrer, vós para viverdes”.
Segundo Sócrates, os que viveram na Terra se
encontram após a morte e se reconhecem. Sócrates intuiu e difundiu os valores
cristãos, quinhentos anos antes de Cristo.
Nada que surpreenda, se considerarmos que as
grandes verdades são eternas e que os espíritos adiantados devem tê-las
conhecido antes de virem à Terra, para onde as trouxeram.
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