Que somos nós afinal?
Capítulo 1
Algumas palavras iniciais
Gastamos a vida a acumular demasiadas coisas que, acabamos a comprovar, irão contribuir para atrasar a nossa caminhada rumo à evolução que viemos procurar neste plano.
Materialidade que numa primeira fase resolve os nossos problemas quotidianos, mas pouco a pouco e fruto de uma ambição desmedida, vamos querer aumentar, tornando-se cada vez maiores as nossas necessidades, a ponto de já só vivermos para essa vontade de ter.
Infelizmente, percebemos tarde de mais que as coisas preciosas do planeta são de graça e estão ao alcance de cada um de nós.
Neste ano de 2020, quando pelo mundo todo a pandemia do Covid 19 explodiu, percebeu-se rapidamente que o oxigénio que damos como adquirido e grátis é a salvação de muitas pessoas infetadas pelo vírus.
E não foram pobres, nem ricos, nem mulheres, nem homens afetados por este perigo invisível e mortal.
O vírus tem-se mostrado transversal a todas as classes no mundo e mesmo com todo o poder e dinheiro, quem ficou infetado não tinha como comprar a cura.
Irónico, quando sabemos que em pleno século XXI ainda se morre por falta de dinheiro para pagar a saúde.
Por conta desta doença, respirar tornou-se perigoso, a liberdade de movimentos ficou condicionada e não fora a rede de contatos estabelecida com base nas redes sociais e o drama da morte, da fome e do aumento do crime teriam sido avassaladores.
Nesta fase em que parece, embora com muitas medidas de segurança, vamos retomando as rotinas, era bom que todos tenhamos percebido a grande lição que fica: o mundo é um lugar perfeito e o ser humano é que complica tudo com a ganância e a maldade do seu coração!
Tomemos consciência da nossa pequenez perante a obra maravilhosa ao nosso alcance e sejamos merecedores de habitar este planeta, usufruindo do que nos rodeia de acordo com as necessidades pessoais e coletivas.
Não é errado ter bens materiais.
Errado é acreditar que são nossos para sempre.
Errado é não os usar para o bem comum promovendo postos de trabalho, resolvendo os problemas que se espalham um pouco por todo o mundo, de falta de infraestruturas fundamentais à vida digna de muitas populações.
Não é errado ter poder político e social.
Errado é usar esse poder apenas para consumo próprio e não para resolver os problemas daqueles que se alega representar.
Duma forma que ainda não sabemos mensurar, sempre nos é devolvido o que doamos aos outros.
Vamos olhar o mundo de modo diferente.
Com gratidão por tudo o que nos dá a cada dia graciosamente.
O sol, o ar, o teto que nos abriga, a água que nos mata a sede, a inteligência de que somos detentores.
A saúde física que nos permite o pão de cada dia, com dignidade e alguma ambição para melhorar a nossa vida e a de quem amamos, mas com respeito pelo planeta, porque sem ele nada nos será provisionado.
O ser humanos tem-se esforçado bastante em desequilibrar esta casa onde todos temos que morar.
Façamos um ato de contrição pela forma como temos subestimado este sítio onde precisamos permanecer e não adianta berrarmos uns contra os outros, achando que uns são mais culpados.
Observemos o céu, as árvores, o mar… a harmonia da natureza.
Tanta coisa podemos aprender apenas pela observação desse equilíbrio entre a fauna e a flora.
Lições silenciosas de tanta sabedoria!
Um simples mergulho no mar repõe as nossas energias, lava a nossa alma e acalma as nossas intranquilidades.
A nossa vaidade despreza a sabedoria que os nossos ancestrais dominavam, quando retiravam da natureza a cura para os males do ser humano.
Não se pode voltar atrás, tal é a Lei!
Pode-se, no entanto, conjugar entre o que temos agora e o que está sempre ao nosso alcance como forma de nos melhorar a saúde do corpo e a evolução do espírito.
Sejamos gratos e respeitadores por todas as coisas a que temos acesso gratuitamente e deixemo-nos de tantas queixas.
Ninguém tem a certeza dos dias, por isso façamos de cada dia uma dádiva que nos é oferecida.
Como um livro de folhas em branco que nos é entregue, onde a cada dia vamos registar as coisas boas que tivermos oportunidade de fazer.
Esse livro será a nossa vida realizada.
Esse livro terá tanto ou mais sucesso conforme a beleza e as escolhas acertadas que lá colocarmos.
Será mais ou menos útil, conforme a sensatez dos nossos atos registados diariamente.
Ficará como nosso testemunho e o nosso testamento…
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