Que somos nós afinal?
Capítulo 10
As redes sociais são uma espada de dois gumes.
Tem tantos aspetos positivos como talvez negativos.
Durante anos ouviram-se tantas críticas a esses meios de comunicação: dependência; viciava adultos e crianças; éramos vigiados à distância; criava o afastamento entre as pessoas; geradores de amizades perigosas, etc.
Neste ano que decorre de 2020, em que o mundo conheceu
a pandemia do Covid 19, teria sido tremendamente pior se não tivéssemos a evolução
tecnológica que temos atualmente.
Eu não duvido disso!
Sem essa tecnologia, teria sido muito complicado
chegar às pessoas como se chegou.
Foi possível a entreajuda, o auxilio social e
económico de forma muito eficiente.
A informação intensiva, a sensibilização e a
disciplina social que ajudaram na preservação das pessoas, foi muito facilitada
por conta desses meios de comunicação.
Colmatou-se de diversas formas o isolamento a que as
pessoas tiveram de se confinar.
A manutenção de tarefas profissionais através de teletrabalho
também foi uma mais valia, em todo o processo, com vantagens diretas na
economia do país.
Nada acontece por acaso e o que parece ser apenas
desenvolvimento tecnológico, curiosamente, está devidamente operacional na
altura em que o mundo atravessa a calamidade da pandemia do Covid19, a qual
teria resultados mais catastróficos, não fossem esses canais de comunicação.
Há um tempo para tudo e os passos que a ciência vai conquistando, na minha perspetiva são previamente autorizados pelo Alto.
É irónico pensar que muitas pessoas que se escondiam por
entre as redes sociais, sentiam agora a necessidade do toque, da presença, do olhar…
Criaram-se por isso outras pontes de contato com os familiares e amigos porque
o medo e a incerteza falaram mais alto.
São sempre as situações extremas que obrigam a
questionar as nossas escolhas e os nossos comportamentos.
As pessoas queriam estar próximas e não podiam!
Não era mais uma questão de opção pessoal, mas antes
uma obrigação social.
Muita interação aconteceu por contas das redes
sociais.
Desenvolveram-se aptidões nos mais velhos, através da
manipulação de tecnologia a que até agora não tinham dado muita importância.
A gestão de toda a pandemia por parte dos órgãos de
estado foi muito mais eficaz, com o uso generalizado destas ferramentas de
trabalho, permitindo que as pessoas recebessem
a informação atualizada em tempo recorde.
Não há como questionar essa realidade neste contexto e em muitos outros que são já o dia a dia de milhares de pessoas pelo mundo fora.
Mas, como quase todas as coisas, as redes sociais têm
dois lados, o positivo e o negativo.
Como não há inovações perfeitas, por entre a utilidade
das redes sociais, encontramos muita inutilidade, para não dizer futilidade.
E inúmeras vezes é difícil apurar o que é genuíno do
que é fabricado.
É assim que cada vez mais, demasiadas personagens
ilustres ou anónimas se servem desses canais para passar a ideia de uma
espiritualidade emergente.
Para além de vidas, profissões e
corpos perfeitos, a que já nos habituaram, temos, mais recentemente os altamente espiritualizados.
Ficamos sem saber o que é verdade
e o que é mentira, pois não é difícil adaptar mensagens bonitas, frases
profundas, tal a quantidade que circula na internet, para ilustrar um
conhecimento que, na grande maioria, só acontece na horizontalidade porque
quando esmiuçado percebe-se que as pessoas realmente não professam nem praticam
aquilo de que falam nas redes sociais, ou em conversas de amigos.
Fica difícil no emaranhado de ideias
arrebanhadas de qualquer maneira e que se estampam nas redes como bandeiras de
vida, saber o que é e o que não é.
Quase acreditamos que o mundo
está melhor, que voltamos ao tempo de “love and peace”.
Quase acreditamos que as pessoas
realmente estão a fazer um esforço para se elevarem espiritualmente.
Não sendo tão cética assim,
acredito que há efetivamente cada vez mais pessoas que se analisam, que se
constroem por dentro de forma cada vez mais consistente.
Mas essas, não me parecem tão
interessadas em alardear o seu aprimoramento através desses canais, e não fazem
muita questão nesse fogo de artificio que é a moda de ser espiritual atual.
Entre os que verdadeiramente
estão a caminho e aqueles que apenas usam o conceito como demonstração de uma
pseudo evolução vai uma distância de quilómetros.
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