Que somos nós afinal?
Capítulo 18
A natureza, em si mesma e sem a intervenção do
homem, é um hino de louvor e de gratidão permanente.
Essa vibração harmoniosa, não é adequadamente
entendida nem valorizada pelo homem, com a sobranceria que o caracteriza e que
dessa forma não tira partido das vantagens de que poderia beneficiar a sua
saúde integral.
Quando o crescimento emocional se dá, o espírito
se eleva e acede a uma clarividência que o afasta das sombras que
permanentemente o seguem pela terra.
É uma subida à montanha que lhe permite ver mais
alto e mais longe e quais os verdadeiros valores a reter.
Percebe a importância da sua identidade enquanto
pertença do Cosmos e o seu ego diminui na mesma proporção em que cresce a
certeza de aproximação à verdade.
Descobre, o privilégio, a oportunidade e a
gratidão por tudo o que é e que lhe foi entregue no ato do seu nascimento.
Nessa progressão emocional/espiritual vai-se dando
conta que viver é experienciar gratidão por tudo quanto lhe sucede e tem
oportunidade de vivenciar.
É essa gratidão gerenciadora do desenlaçar de
velhos receios e bloqueios que não deixam a vida fluir harmoniosamente e advém
de uma maturidade baseada na razão e na certeza que somos seres privilegiados e
amados por Deus.
Quando imaturos, acreditamos que gratidão é apenas
um obrigado pelo que nos é dado, ou qualquer favor obtido.
Daí a importância do recolhimento necessário à
nossa emancipação emocional.
Uma espécie de reconhecimento pelo bem que
recebemos.
Gratidão não é tão simples assim e só através da
reflexão percebemos a verdadeira extensão deste sentimento, verdadeiro antídoto
contra as doenças do egoísmo que nos rodeiam.
É um sentimento profundo e significativo, porque
não se limita ao ato da recompensa habitual.
É mais grandioso, porque traz satisfação e tem
caráter terapêutico.
Todo aquele que é grato, que compreende o
significado da gratidão, goza de saúde física, emocional e psíquica, porque
sente alegria de viver, compartilha de todas as coisas, é membro atuante na
organização social, é criativo e jubiloso.
Mas como todo o bem-estar causa inveja no ser
humano comum, há uma insistência em transformar a harmonia que uns conquistam,
como sintoma de falta de objetivos e ambições, o que nas sociedades atuais é
dos maiores defeitos, tal a competição que se instalou para que se chegue mais
além em poder social e económico:
“Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (Tessalonicenses 5:18).
Como
é percetível, não temos que dar graças pelas tragédias e pelos sofrimentos que
nos atingem, mas continuemos a ser gratos no meio deles.
A gratidão é por isso uma bênção de valor imensurável.
Não desperdicemos as oportunidades de sermos gratos. Só o poderemos fazer enquanto vivos.
“Porque recebem os mortos mais flores que os vivos? Porque o remorso é mais forte que a
gratidão?” escreveu Anne Frank no seu diário.
Com a terapia da gratidão poderemos vencer entre outras coisas o
remorso.
É a fórmula terapêutica dos simples de coração.
Quando o espírito entende a sua imortalidade, nessa consciência e com
esse discernimento, vai ser grato pela oportunidade de fazer parte do Todo e
uno com todos.
A gratidão agiganta o ser racional, porque desenvolve o seu Eu nos
estados de graça e alegria.
A gratidão não se dececiona, porque não espera reconhecimento.
É feliz e tem sempre algo para dar aos outros em forma de esperança e
de amor.
A busca da autorrealização é iniciada a partir do momento em que a
gratidão exerce o seu predomínio no Eu, sem sombra perturbadora,
constituindo-se numa sublime bênção de Deus.
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