Que somos nós afinal?

Capítulo 17


Solidariedade de cura

 

 

Quando nos deixamos apanhar pela solidão, quando a doença se nos apresenta, o melhor antídoto, sem dúvida alguma, é pensar no outro.

Naquele que vive uma solidão maior e uma doença pior que a nossa.

Certo é, que o desânimo que nos acompanha nessas horas, nos tira a lucidez e a coragem, pelo que o sentimento é de pena de nós mesmos e nenhuma preocupação com os outros.

A constatação, para quem já passou por isso, é que se efetivamente nos conseguirmos desligar um pouco do nosso drama, da autopiedade e olharmos o outro que está numa situação desamparada, provavelmente conseguimos esquecer um pouco a nossa dor, deixando a natureza mais liberta para curar o nosso sofrimento.

Fazer bem aos outros, é fazer bem em primeiro lugar a nós mesmos.

Quando nos envolvemos nos problemas dos que nos rodeiam, com intuito solidário e nos esquecemos da lamentação, impedimos a nossa mente negativa de interferir nos nossos processos de cura.

A tristeza, a doença são provas que todos nós, uma vez ou outra deveremos experimentar.

Convém, porém, fazer o esforço de não nos deixarmos dominar pela morbidez e acreditar que ambas podem ser vencidas, assim nós nos saibamos ajudar.

Não existe uma fatalidade para o mal, quando nos chega na forma de desilusão ou enfermidade, mas existem consequências para os nossos atos, que a nossa espiritualidade insuficiente ainda não permite entender.

O que acontece ao ser humano, é sempre resultante do que ele fez de si mesmo e nunca por culpa de terceiros.

Por isso, sempre que tenhas oportunidade experimenta a solidariedade para com o semelhante.

Sem fantasias, com genuína dedicação, faz o bem imaginando que o fazes, como gostarias que o fizessem a ti um dia, em que te vejas necessitado.

Quando te libertas do pessimismo, quando expulsas a tristeza do teu coração, estás a dizer ao Universo que comungas da convicção de que o ser humano veio ao planeta Terra para ser feliz e saudável.

Por isso, faz o esforço de erradicar da tua vida a doença e a tristeza, conquistando, pelas tuas obras a saúde e a alegria.

Não temos todas as cartas do jogo da vida e ninguém sabe qual vai ser o resultado final.

Como um puzzle a que falta a última peça.

Podemos sempre intuir como será o elemento em falta, que nos mostraria toda a imagem, toda a plenitude, mas também aceitar que se não temos acesso ao puzzle completo é porque a nossa compreensão ainda não está treinada para entender a grande mensagem do Criador.

Aceitemos a nossa pequenez com humildade.

Só essa atitude predispõe a querer evoluir e aos poucos conhecer um pouco mais do milagre da criação.

Somos pequenas gotas neste oceano de almas, mas pequenos que somos, temos todas as condições de fazer o bem e evoluirmos com isso.

Reflete, pois, sobre a tua vida, vê onde precisas melhorar e alinha os teus passos na generosidade solidária.

Não faltará o trabalho que te ajudará a esquecer velhos problemas e a melhorar a tua saúde integral.

Verás, quase sem te aperceberes, como chegam a ti dias melhores e caminhos desimpedidos.

Trazemos em nós a capacidade de distinguir entre o bem e o mal e de escolher sempre o primeiro para o equilíbrio harmonioso das nossas imperfeições.

Desenvolvamos, pois os recursos adormecidos da presença de Deus em nós, para alcançarmos outros patamares de evolução.

Quando a razão e o amor pelo próximo nos permitirem escolher entre a lamentação pessoal e a ajuda efetiva do semelhante, perceberemos o bem-estar gerado, traduzido num sentimento de gratidão e de recolha de bênçãos que não esperávamos.

Outros horizontes se abrem à nossa compreensão e a vida ganha novo sentido.

Envergonha a nossa cobardia, alguém que ao nosso lado sofre com resignação por males maiores que o nosso.

Mas, quantas vezes são esses os nossos melhores mestres, quando encaram a iminência da doença ou da morte com a coragem e elevação, muito acima do que é suposto o ser humano aceitar.   

Trabalhemos, pois, a nossa lucidez espiritual, espelhando os valores divinos, para que floresça em nós a coragem que necessitamos para ultrapassar as agruras de que a vida está cheia e que só serão vencidas com o amparo dos bons sentimentos e do amor do Pai.

Só pela solidariedade com o semelhante aumentaremos em nós a capacidade de amar e de sermos felizes.


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