Que somos nós afinal?
Capítulo 6
O caminho perfeito
O Livro do Caminho Perfeito representa uma
síntese do pensamento chinês, bem como de boa parte da filosofia oriental.
Da autoria de Lao Tsé, filósofo chinês, século VI a.C,
influenciou, não só escolas de pensamento oriental, como o budismo e o zen,
assim como também está enraizado no pensamento ocidental.
Lenda, mito, ou algo que está ao alcance do ser humano?
Todos, sem exceção, temos um caminho pelo nascimento.
Nas sociedades mais ricas ou mais pobres, todos podem escolher o que os
favorece material e espiritualmente.
Tem-se um pouco a ideia de que, pessoas que nascem na miséria absoluta não
têm escolha e nem conseguem afastar-se em busca de uma vida melhor; que certas
más escolhas são resultantes de maus começos.
Até certo ponto é verdade: personalidades frágeis não tomam decisões fortes;
pessoas criadas em ambientes degradados, famílias desestruturadas também terão
atenuantes até certo ponto.
Cada um de nós pode arranjar as desculpas que quiser para as suas
dificuldades ou para as suas tropelias, no entanto não pode
desresponsabilizar-se permanentemente, culpando outros que por vezes já nem
fazem parte das suas vidas.
Se se nasce com capacidades cognitivas suficientes para a autonomia e a
independência, não será obstáculo o meio onde se nasce.
Sempre haverá, mediante o desenvolvimento pessoal, a possibilidade de
buscar melhores condições de vida.
Todos têm escolhas!
Não serão as que se aspiram, ideais, ou merecedoras, mas serão sempre
escolhas.
O conformismo, a submissão, e por vezes a falta de coragem, são em geral,
os entraves para não se procurar dentro do espaço onde nos inserimos um melhor
rumo para o nosso desenvolvimento material e espiritual.
Claro que é sempre muito conveniente culpar o destino, a sorte ou o berço
onde se nasceu:
“O sucesso é constituído por 1% de
inspiração e 99% de transpiração.” Thomas Edison
Não podemos é esperar sentados pelo sucesso que entendemos os outros devem conseguir para nós.
Menos ainda querer sejamos levados pela mão para
fazerem de nós pessoas melhores.
Erro desde sempre, em que se procura nos outros, o
guru, o líder que pense por nós e nos conduza à felicidade.
Quase sempre o que encontramos são manipuladores que
percebendo as nossas carências chegam a nós com facilidade, transformando-nos
em marionetas, que irão adorar esses bezerros de ouro, sem sabedoria, sem
valores e menos ainda liderança.
Os livros de autoajuda estão espalhados por todo o lado, cada qual vendendo a fórmula mágica para que se chegue à felicidade e nunca como agora, o ser humano parece tão frágil e influenciável.
Buscamos desesperadamente orientadores para os nossos passos, como se
incapacitados fossemos.
E nesta sociedade, dita informada, emergem cada vez
mais gurus da moda longínquos e
caros, pretensos condutores de homens e
mulheres e interessados em nos ensinar aquilo que já sabemos.
Retiros espirituais, workshops de tudo e mais um par
de botas, todo um mercado caro para quem já tem quase tudo e com esse tudo não
é feliz.
Homens e mulheres que ainda não perceberam que a sabedoria que procuram não se compra ao preço alto a que é vendida por esses vendilhões do templo, mas está dentro de cada um, assim cada um queira fazer o trabalho de casa:
“Buscamos fora o tesouro do nosso coração…” Jesus
Verdadeiro guru o nosso eu, grita silenciosamente pedindo a nossa atenção para o que é realmente importante.
Pela meditação, levada com seriedade, a disciplina de pensamento e aos
poucos a pacificação da nossa alma, é possível chegar a pedaços de paz.
Que a vida não é receita de bolo para tudo dar certo no final.
É mais uma montanha que ora sobe, ora desce sem que ninguém saiba o que vai
encontrar pelo caminho.
Por tudo isso, a insatisfação da alma tem que ser trabalhada todos os dias,
através do apaziguamento e da gratidão.
Se realmente nos empenharmos, podemos eliminar algumas limitações de que
quase todos enfermamos como a intolerância, a soberba, a lamentação permanente,
abrindo dessa forma espaço às coisas novas que estão por todo o lado para a
nossa aprendizagem e alegria de viver.
Há um mundo escondido aos nossos sentidos, que é preciso descobrir e apesar
do meu respeito pela ciência, ela não responde a todas as perguntas que o espírito coloca.
Quando não desenvolvemos as nossas capacidades
perceptivas, subestimando quem somos e do que somos capazes, o que observamos
são os “arautos da verdade” cada vez mais ricos e os seus discípulos cada vez
mais dependentes.
O caminho perfeito é árduo e inacessível à maioria de nós, que vivemos num
mundo cheio de distrações que nos desviam dos objectivos de aperfeiçoamento, mas
existe um caminho iniciante que todos podem eleger como aprendizado.
Quando percorrido um pouco a cada dia, chegaremos a estádios de felicidade
que de tão gratificantes nos vincularão para sempre à evolução que se quer, o
ser humano atinja.
Somos uma miscelânea de sentimentos e sensações confusas e só com forte
disciplina mental, ética e moral nos conseguiremos organizar e fazer boas
escolhas evolutivas.
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