Que somos nós afinal?
Capítulo 3
Ainda gatinhamos
Nascemos nus, simples e sem maldade, mas independendo
do berço em que nascemos, vamos moldando o nosso caráter, sempre a partir da
natureza do que somos.
Se essa natureza é de boa índole, nem
berços de oiro, nem tentações, ostentações nos influenciarão ao mal.
Se a nossa natureza é má, temos todas as
probabilidades de escolher o caminho torto.
No livre-arbítrio que Deus nos deu, nem
mesmo Jesus se atreveu a mexer e desse modo, termina a nossa desculpa para
fazer as piores escolhas, porque a verdade está sempre a ser sussurrada aos
nossos ouvidos através da consciência divina com que todos somos dotados.
Apesar de muitos não acreditarem na
divindade do homem, só precisam olhar em volta e ver a sua grandiosidade quando
convive e recria harmoniosamente a natureza, criada pelo Ser Perfeito que tanto
nos ama apesar da nossa rebeldia.
Recorrentemente, valoriza-se mais a beleza
física que a beleza moral e ética: dos cremes às cirurgias, tudo vale para
atingir uma perfeição fictícia e o espelho da ilusão reflete apenas o que
queremos ver.
Porque o espelho da alma, aquele que não
temos como comprar, se o pudéssemos ver nos mostraria quão feios podemos ser
por debaixo de roupas bonitas e corpos com tratamentos de milhões.
Deus fala connosco a todo o momento,
através de uma consciência que nos é dada, que nos julga e nos esclarece sobre
o caminho reto, mas muitos acham que estão acima do certo e do errado, acima do
mundo, acima de Deus.
Iludem-se, acreditando que nada os
destruirá!
Que nada, nem ninguém os derrubará!
Mas, no fim de tudo, mesmo que envolvidos
em todo o luxo que compraram, roubaram ou simplesmente herdaram, ficarão a sós
com o juiz mais impiedoso dos atos duma vida inteira: a consciência.
Foi entregue ao homem um planeta perfeito,
uma natureza saudável, mas este, supostamente, o mais inteligente dos animais
tem-se encarregado de inquinar este mundo com os seus desvarios, a sua soberba
e sua noção de posse de um lugar, onde apenas está de passagem.
E nem o facto de ter filhos, netos,
descendência, o impede de comprometer o futuro que vai deixar para eles.
Inteligência é isto?
Não, é a enorme arrogância de quem se
julga imortal e acima de qualquer lei.
Se, fossemos verdadeiramente inteligentes,
provavelmente já teríamos encontrado soluções para os problemas menores que
grassam no mundo pobre: fome, doenças, miséria, que contrastam ironicamente,
com as chamadas doenças do mundo rico: bulimia, anorexia, acesso fácil a
medicamentos e automedicação.
Os primeiros gostariam de não ter esses
problemas; os segundos parecem procurá-los.
A gastar somas astronómicas na exploração
interplanetária, para catar pedras lunares a que damos o valor da roda, quando
cá por baixo temos uma casa completamente desorganizada.
Não sou de modo nenhum contra a exploração
de outros espaços e conceitos, mas há que tratar primeiro das nossas
incompetências na gestão deste pequeno planeta, antes de queremos ser
donos do universo: ninguém entra na universidade sem passar pelo ensino básico
e secundário…
Afinal se o homem até já foi à Lua e a
Marte, deveria ser bastante simples para ele resolver os problemas menores
que temos por cá.
Se não fosse triste, dava para rir da
soberba do ser humano a brincar aos deuses…
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