Que somos nós afinal?
Capítulo 26
Errar é humano e faz parte do percurso de vida de
todos nós.
Quem nunca errou que atire a primeira pedra!
Errar é, no entanto, uma oportunidade de acerto:
só erra quem tenta.
Quem se acomoda, só aparentemente não erra. Por si
só a passividade é um erro que não permite evoluir como seria desejável.
Se perfeitos fossemos por certo estaríamos num
outro plano, ou seríamos um desses seres iluminados que periodicamente vêm à
terra.
O erro é o grande mestre que sempre avisa e ensina!
E como a vida não é uma fórmula exata, precisamos
criar a nossa própria fórmula, adequada aos desafios que precisamos ultrapassar,
aproveitando as dificuldades para a melhorar
e adaptar às nossas necessidades de aprimoramento.
O ser humano que erra e toma consciência do erro,
corrigindo o trajeto, mostra que está no mundo para evoluir espiritualmente.
Há esperança nas pessoas que erram, que assumem e
procuram evitar novo erro.
Muitas nunca o admitem, pois se sentem vulneráveis
pela admissão de erros pessoais, porque provavelmente, se construíram olhando o
espelho errado.
Assumir os erros não intencionais fortalece, ao
invés de fragilizar. Promove nos outros a sensação de confiança e respeito.
Todo o caminho individual tem estradas retas e
curvas. Geografias variadas e roteiros diversos.
Não nascemos com manual de instruções.
O único manual orientador são os nossos
referenciais familiares; os nossos genes; os exemplos que absorvemos ao longo
do crescimento.
E ao contrário do que muitos querem fazer crer,
ninguém controla o destino.
Podemos tomar cuidados, vigiar as nossas ações,
mas a má decisão pode surgir em cada momento da vida.
Matar, morrer, adoecer, ofender outros em defesa
própria.
A cobardia, o heroísmo, a fragilidade despertada
por situações diversas pode fazer de nós pessoas piores, sendo habitualmente
pessoas boas.
Porque somos feitos todos do mesmo barro, ninguém
tem o direito de acusar e embora aconteçam todos os dias crimes horrendos praticados
por pessoas aparentemente normais, há infelizmente cabeças muito fracas que se
justificam com passados traumáticos, faltas de afeto e muitas outras
motivações.
Nada desculpa a falta de vigilância e autocrítica
porque são muitos os perigos que rondam o ser humano, quando não se abriga
sobre o manto do amor e da fraternidade.
Só a psicologia explicará convenientemente
comportamentos extremos e perigosos que surgem inesperadamente de quem nunca se
esperaria.
A lei dos homens numa primeira fase e a lei de
Deus depois, lá estarão para avaliar as culpas e as atenuantes de todos nós.
Homens e mulheres que matam os filhos que talvez
nunca tenham amado. Filhos que matam pais que, por certo, os amaram da maneira
errada.
Num mundo que se diz civilizado, mas com seres
cada vez mais frios de sentimentos, tira-se a vida a qualquer pretexto. Banaliza-se
a morte!
Pessoas que alegam ter amado outras e que por um
sentimento de posse lhes roubam a vida, sem olhar a consequências.
Sem olhar sequer, ao roubo que fazem também a
filhos apanhados em meio de guerras de adultos, que na verdade o não são,
porque se o fossem teriam crescido no afeto.
Muitas sombras nos cercam e não sabendo, ou não
querendo procurar a luz que as dissipe, emergem em nós quantas vezes, instantes
de crueldade que podem mudar irremediavelmente o nosso destino.
O ser humano é capaz do melhor e do pior e sempre
que deixa à solta o lobo que melhor alimenta, torna-se lobo também e mata sem
consciência e sem sintoma de culpa.
Por isso é importante a reflexão, a vigilância,
porque tudo vale a pena, já que a alma não é pequena e viaja connosco por
muitos lugares e durante muito tempo.
Amemos essa alma, esse espírito que nos anima e façamos da vida neste plano uma escola onde viemos para aprender e aperfeiçoar o que já somos.
Francisco Cândido Xavier foi um médium brasileiro,
falecido em 2002, com 92 anos e que deixou uma grande obra assistencial no
Brasil.
Ele dizia com toda a legitimidade:
“Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas pode começar agora a fazer um novo fim”
E porque esta é a minha certeza do certo, partilho inteiramente deste conceito.
Não podemos ir ao passado apagar os erros cometidos, intencionalmente ou não, mas podemos eleger o nosso presente (praesens, ēntis) e darmos a nós mesmos e aos outros essa dádiva, esse presente a cada dia.
A criança que começa a dar os primeiros passos,
cai frequentemente, mas levanta-se para cair de novo. Na tentativa, aprenderá a
manter-se em pé e em breve saberá andar sem cair.
Nós somos assim com os nossos erros e tal como a
criança que quer aprender a andar, também nós vamos deixando para trás o medo para
aprendemos a ficar de pé, conscientes de que a vida nos ensina e fortalece.
Ninguém tem que ser crucificado pelos erros
cometidos: Jesus fez isso por todos nós, dando-nos nova oportunidade.
Dêmo-nos também a oportunidade de um novo começo,
em qualquer altura, com a consciência de que vivemos para sermos felizes e bons
e isso…
…não é, nem nunca será incompatível!
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